Maria Rita Caminhos Culturais
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Porque viajar?

Acho que é insegurança. Preciso sempre conhecer o ambiente onde estou, o que o compõe, os detalhes para saber como me posicionar e como me colocar para me sentir segura. Pode ser na sala de espera do dentista ou num avião, estou sempre atenta e observando. Não com aflição ou com medos. Não.
Naturalmente. Quando conheço me sinto à vontade.
Com o mundo não foi diferente.

Nas primeiras viagens que fiz, eu estava focada nos ícones turísticos. Eu precisava conhecê-los, tocá-los, me apossar deles. Eles tinham que me pertencer. Fiz com tal avidez que nem tive tempo para me deleitar ou refletir o que significavam, mas eu os conhecia e saciava a minha primeira necessidade de me adonar do mundo.

Um segundo momento, as pessoas me atraíram. Comecei a visitar casas-museus de escritores, de músicos, de heróis, de personalidades, de descobridores o que permitiu observá-los no seu habitat e seu modus vivendi e entender suas circunstâncias. Além de visitá-los, as biografias me ajudaram muito.

“O homem e suas circunstâncias”. (Ortega Y Gasset).

Mas não foi suficiente. Precisava mais. O meu olhar voltou-se para as estruturas urbanas, para as cidades, vilarejos, casas, feiras, o dia-a-dia e comunidades de diversas realidades.

Como visitei 3 continentes fui fazendo o mapeamento.

A arquitetura me empolga. Seja a de grandes arquitetos, que também persigo ou das casas populares. Mas isto merece um capítulo à parte.

Um elemento chave e apaixonante é a natureza. O meio ambiente é decisivo no comportamento e formação das pessoas. Comecei a prestar atenção nos aspectos geográficos que além de explicá-los são de uma beleza e complexidade ímpar.
Não consigo mais me desligar desta condicionante e a natureza foi ficando protagonista.

Entre tantos fenômenos da natureza o que mais me encanta é o vento. Li uma vez que a tristeza do vento é não ser colorido. Discordo. Acho bom que ele seja transparente. Não sabemos da onde ele vem e de repente ele te abraça. Claro que tem ventos terríveis como o Mistral, que vem do norte da África e invade a Provence e durante 4 dias, com muita violência, atinge esta região. Por outro lado, não tem nada melhor do que o vento de fim de tarde que te envolve e de tão suave parece brisa.

Bem, o quebra-cabeça vai se completando. Somando a isto tudo vamos nos deparando com registros ou cicatrizes históricas. Vamos, também, constatando que a ganância é que move o mundo deixando rastros dolorosos.

Sei que uma boa forma de conhecer o mundo é também pela gastronomia. Muitos começariam por aí. Poderia falar sobre museus, sobre feiras, sobre lojas exóticas. Talvez estas sejam razões pensadas e lógicas para viajar. O fio condutor.

Mas só viajar já basta sem maiores explicações.

Sentar em um café, visitar uma loja de museu (que eu adoro, as vezes mais que o próprio museu), comprar um xale no camelô, se perder, esperar em aeroportos (que não me atrapalha em nada) me admirar ou me indignar com algo inesperado. Caminhar em parques. É tudo muito bom.

Se fosse resumir todas as minhas experiências em uma só, diria que foi a África, especificamente Moçambique onde passei algum tempo e pude viver a vida com eles, em uma aldeia. Lá tive todas as emoções. Com toda a adversidade jogando contra, lá tive o melhor do ser humano.
Só isto é suficiente.
E isto explica tudo.

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