Maria Rita Caminhos Culturais
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Um delicioso fim do mundo – 1 Patagônia

Começando pelo fim.

Já fui duas vezes ao fim do mundo e elejo como um dos melhores destinos para se conhecer.

Estou falando da patagônia, argentina e chilena. É uma região mágica que tem muita história para contar, especialmente as náuticas.

Esta região abriga um pedaço da história da navegação no mundo pois antes do canal do Panamá só se acessava o oceano pacifico e, vice e versa, o oceano Atlântico através dos estreitos ao sul da ilha Terra do Fogo.  Então toda a navegação para descoberta deste lado do mundo passava por ali.

É um lugar de muitos ventos, do encontro das águas frias com as águas quentes dos oceanos, correntes e toda sorte de dificuldades. Houve muitos naufrágios.

A primeira expedição de circum-navegação ao globo foi de Fernão de Magalhães, em 1520.

Quando estava no extremo sul da América do Sul, ele se deparou com grandes fogueiras acesas pelos índios nas margens do estreito e, em virtude disso, batizou a ilha como Terra do Fogo. Mais tarde, em sua homenagem um estreito desta região foi batizado de estreito de Magalhães.

Outra experiência registrada em livro foi a expedição do HMS Beagle, realizada em 1831 até 1836, que tinha como o principal propósito o levantamento cartográfico das costas da parte sulista da America do Sul.

Embarcou nesta expedição Charles Darwin, naturalista e pesquisador, e foi através de suas observações, registros e detalhado diário científico de campo cobrindo áreas da biologia, geologia, e antropologia” publicado em Diário e Anotações que alicerçou  a “teoria da evolução”.

O Canal de Beagle ou Estreito de Beagle recebeu esse nome por conta do navio HMS Beagle, que fez esta expedição pela área do canal.

Muitas viagens foram realizadas nesta região.

Eu li dois livros de experiências mais recentes que falam de volta ao mundo sozinho em veleiros: “Sozinho ao redor do mundo, J Slocum” que é um clássico e “Aventuras no mar” – Hélio Setti Jr. Eles ilustram bem esta passagem.

Mas o que é realmente impactante é a beleza. As montanhas, as lagoas, os mares, a vegetação. As ilhas, algumas pinguineiras, outras com lobos marinhos, aves locais. É um misto de emoções.

Luminosidade, frescor e silêncio.

É paz.

Um delicioso fim do mundo – 2 Patagônia argentina

Fui primeiro a Patagônia do lado da Argentina em que a protagonista continua sendo a natureza.

Ushuaia é uma cidade muito agradável, encantadora, que fica no arquipélago da Terra do Fogo a beira do Estreito de Beagle.

Muitas pessoas provenientes de diversos locais escolheram viver neste lugar lindo, mas com um clima severo no inverno. Eles vivem do turismo, na época do verão deles, normalmente com restaurantes, pousadas e hotéis. No inverno, eles convivem entre si, realizando jantares, bate papos. Quase uma confraria. Quem me contou isto foi uma carioca que já está lá há muitos anos.

Mas me interessava a história do local e dois ícones: Farol do Fim do Mundo e o Trem do Fim do Mundo.

A história da Terra do Fogo é como todas as histórias das Américas. Começou há mais de 11 mil anos, com a habitação de povos indígenas e, que ao longo do tempo foram dizimados.

Dando um pulo na linha do tempo, somente em torno de 1800 que os europeus ‘descobriram’ o que hoje é a Ilha Grande da Terra do Fogo e o Estreito de Magalhães.

Ushuaia foi fundada em 12 de outubro de 1884  e tornou-se verdadeiramente um território argentino. A cidade mais austral do mundo.O que foi determinante para o desenvolvimento desta pequena cidade foi a construção de um enorme presídio – 1902 a 1947 – de segurança máxima, destinado a receber condenados de todo o país.
Em 1947, devido a um decreto presidencial, o presídio foi fechado e, assim, se encerrou uma parte importante história de Ushuaia.

O presídio foi transformado no famoso Museo del Fun del Mundo, onde é exibido, além de muitas curiosidades da cidade, em seu pátio, uma réplica do Farol de San Juan de Salvamento.

Júlio Verne quando escreveu o seu livro “ Farol do Fim do Mundo”, pesquisador e estudioso de geografia, localizou como cenário da história o Farol de San Juan de Salvamento da ilha dos Estados.

Mas agora, o que conhecemos como “Farol do Fim do Mundo” é, na realidade, Farol Les Éclaireurs da ilha no estreito de Beagle.

O que povoava a minha imaginação e hoje, também, é o cartão postal de Ushuaia, é o Les Eclaireurs. Quando o vi, fiquei muito emocionada. Ele foi mais que um farol que sinalizava e ajudava os marinheiros. Ele é pequeno, a ilha em que ele está é minúscula, mas parece um gigante, senhor daqueles mares. Ele personifica solidão e persistência.

O “Trem do Fim do Mundo” é a linha de ferro mais austral do mundo –  conduzia os presos do Presídio de Ushuaia aos campos de trabalho, situado no atual Parque Nacional Tierra del Fuego. Para que, além de ficarem ocupados, era para abaterem árvores e produzirem material para construção do presídio. Hoje, dos 25 km iniciais, podemos percorrer pouco mais 7 km, saindo de uma estação romântica e em um trem réplica da época.

É um passeio pela floresta, por paisagens lindas acompanhadas pela trilha sonora produzida pelos ruídos típicos do trem.Há muitos outros passeios, de barcos, por trilhas, visitas às fazendas de pioneiros ou centros de estudos da baleia que podemos realizar.

Vale a pena.

Um delicioso fim do mundo – 3 Patagônia chilena

Tem um grande peso em nossas experiências o estado de espírito do momento.

Quando fui a Patagônia chilena, acho que eu estava abençoada pois tudo o que senti foi um estado de êxtase com sentimentos muito intensos de alegria, prazer, admiração.

A sensação de pertencimento ao cosmo, a amplitude da paisagem, o lago, o horizonte distante, os campos, as montanhas, a neve, e para onde eu olhava não via ninguém. Estava só, mas não era solidão. Era empoderamento junto ao universo, vá entender. Me senti única. Me senti plena.

Puerto Natales, sul do Chile, é uma cidade portuária, as margens do canal Señoret, muita pequena, pouca gente, é a porta de entrada para o Parque Nacional Torres del Paine e porto para os barcos que percorrem os fiordes da Patagônia.

O passeio pelos fiordes é atordoante de tão lindo, a natureza indescritível, com cachoeiras (degelo das montanhas) com recantos que podemos desembarcar e caminhar sobre a neve naquele cenário mágico. É encantamento.

O que dizer do Parque Nacional Torres del Paine? Os adjetivos se repetem. Um passeio, de novo, maravilhoso em uma paisagem repleta de lagos, montanhas e as torres que dão nome ao parque. Este passeio foi coroado com um piquenique organizado pelo hotel em um lugar bucólico. Mas também neste passeio assisti pela primeira vez uma cena selvagem ao vivo. Dois lobos pegaram um cordeiro e o estraçalharam. Fiquei chocada. Esta cena ficou muito tempo na minha cabeça.

O hotel, ganhou prêmios de arquitetura, e é por fora, completamente integrado a natureza, quase passa desapercebido, mas por dentro era uma explosão de cores, mantendo a harmonia da proposta, com a decoração rústica requintada. Isto existe?

A coleção de ponchos e cerâmicas exposta em suas salas, nos revelavam um universo de trabalhos manuais e de arte, típicos do Chile.

Em um passeio que fizemos de barco encontramos atracado em um pequeno porto, em uma enseada, um catamarã e estacionado as margens um motor home. O guia explicou que pertencia a dois alemães que já estavam lá há 6 anos. No verão moravam no catamarã e velejavam pelos lagos, estreitos e fiordes. No inverno, moravam no motor home, e passeavam por toda a região. A vida é feita de escolhas.

Guardo na memória a paisagem que via da janela do meu quarto. Um campo com uma grama nativa, descabelada, o lago e as montanhas. E isto me acalma.

França – Vale do Loire – Castelo Cheverny

O Cheverny é um  castelo do Vale de Loire e foi construindo  entre 1624 e 1630 no estilo clássico francês.  Ele é muito elegante, sua decoração luxuosa e o mobiliário e as tapeçarias do século XVII estão conservadas e pode-se visitar. 
O parque é lindíssimo, a alameda de entrada tem quase 6 kms. 

Buenos Aires – Plaza de Mayo

A Plaza de Mayo é o centro cívico de Buenos Aires onde estão a Casa de Governo ou Casa Rosada, o monumental Banco Nación, o Cabildo, a Catedral, entre outros.
A Plaza de Mayo, também foi o palco de eventos históricos relevantes  mas ficará  na história conhecida pelo movimento As mães da Praça de Maio” formado por mulheres que se reúnem por mais de 30 anos na Praça para exigirem notícias de seus filhos desaparecidos durante a a ditadura militar na Argentina (1976-1983).
As Mães da  Praça de Maio buscam manter o desaparecimento  de seus filhos vivo na memória de todos os argentinos.