Um segundo amor à primeira vista – 3 – Van Gogh – Auvers Sur Oise
“Um girassol se apropriou de Deus:
foi em Van Gogh.”
Manoel de Barros
Eu tinha como referência uma foto, que havia visto em um jornal, de uma personalidade visitando os túmulos de Van Gogh e de Theo, seu irmão, em Auvers sur Oise, que me intrigou.
Auvers fica a 29 km de Paris e pode-se ir de trem. Eu fui e quando saí da gare, na minha frente, havia uma jardineira com os girassóis floridos e era como se ele estivesse ali me esperando. Que delícia de recepção.
Toda a cidade tem placas com a reprodução da obra na frente do prédio pintado. São 29 e a cidade é muito pequena, então sua presença é maciça.
O albergue Ravoux onde Van Gogh se hospedou permanece intacto e pode se assistir um documentário sobre sua permanência lá. O restaurante do albergue está preservado e a mesa que ele usava está no mesmo lugar mantendo a atmosfera.
Estava completamente envolvida e fui visitar a igreja que é uma das pinturas de que eu gosto muito e também é o caminho do cemitério.
O cemitério é pequeno, mas mesmo assim me atrapalhei, e tive dificuldade de achar o túmulo deles. São simples, lado a lado como caminharam pela vida.
Na saída, olhando para frente, tem o campo de trigo onde ele pintava e no meio estava a placa reproduzindo a pintura com algumas pessoas a volta. Tive a nítida impressão de que ele estava ali pintando. Olhei para o céu procurando alguns corvos, que não estavam lá. Fiquei algum tempo vivendo esta emoção.
Van Gogh passou os seus últimos 70 dias ali, produziu 72 pinturas, 33 desenhos e uma gravura, entre elas a famosa pintura do doutor Gachet.
É uma visita memorável e que recomendo. Gostei tanto que voltei a Paris, aí com o meu filho, e coloquei como condição irmos a Auvers sur Oise. Cometi o mais terrível erro, principalmente para quem viaja como eu, erro de principiante. Início de fevereiro, inverno, frio, chuva e neve. Fomos. Tudo fechado. A culpa é da vontade de reviver e compartilhar, mas de qualquer forma imperdoável.
Vou voltar.