- Senhor, não mereço isto.
- Não creio em vós para vos amar.
- Trouxeste-me a São Francisco
- e me fazeis vosso escravo.
- Não entrarei, senhor, no templo,
- seu frontispício me basta.
- Vossas flores e querubins
- são matéria de muito amar.
- Mas entro e, senhor, me perco
- na rósea nave triunfal.
- Por que tanto baixar o céu?
- por que esta nova cilada?
- Senhor, os púlpitos mudos
- Entretanto me sorriem.
- Mais do que vossa igreja, esta
- Sabe a voz de me embalar.
- Perdão, Senhor, por não amar-vos.
Carlos Drummond de Andrade